Livremente inspirado no
poema “Os ninguéns”, de Eduardo Galeano.
Para camaradas da
Comuna.
Os alguéns falam, labutam diariamente e, mesmo que (ainda
que) vistos como ninguéns, giram o mundo no suor de seu trabalho. Seu trabalho
que parece de alguém que não desses alguéns-ninguéns.
Dizem que são cheios de superstições, que sua arte não é
arte, que seus quereres são menores, que sua vida não é vida.
Mas não dizem que é essa gente, dessa não-vida, que
efetivamente faz a vida.
Dizem que não devem ser ouvidos, que não tem voz.
Mas não dizem que essa voz cala fundo e é falada e tem
espaço. Não dizem que falam todos os dias, todas as horas; nas mortes, na
violência, na pelea do dia-a-dia pro pão nosso.
Pro pão, pra roupa, pros livros que vêm encharcados dessa
voz que grita e que, dizem, não se escuta.
Nas balas que matam todos os dias nos morros e esquinas, a
voz de alguéns-ninguéns grita.
Filhos e filhas do mundo, que fazem a História, ainda que
alguém teime em dizer que não.
Alguéns-ninguéns que valem o mundo e valem a luta. Que,
efetivamente, valem(-se) a vida, os (há)braços, que constroem, todos os dias –
e sempre – ainda que muitos digam que não.
23/10/2014.
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