quarta-feira, 12 de agosto de 2015

segundo.

Um respiro antes do meio da semana. É bom aproveitar quando isso acontece. Uma tarde de lembranças ternas, que acariciam a pele, o corpo.
A tranquilidade de saber estar com...
Hoje passei o dia estando com...
As vezes uma conversa direta mesmo. Essas coisas de procurar casa, um canto em terras além mar, e também um canto para estar comigo.
E, de repente, surge a cor. As palavras beijam.
Amanhã é amanhã. Mas amanhã é diferente. Amanhã é nosso.
Nosso.
Quero muito mais desses nossos... e sempre.
Daqui, da janela do ônibus, vejo a noite chegar. Está aberta para o mundo. P'rum mundo nosso.
E a lua que me acompanha te beija com beijo meu.


11/08/15.
véspera nossa.

sábado, 8 de agosto de 2015

primeiro.

entardecer.
já falei contigo hoje.
ganas de vida. Aliás, me acostumando com ela e com a insegurança de viver.
aguardo notícias além mar.

08/08/15.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

.

Te amar.
        Ter o mar....
               E desaguar em nós.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Pneumática.


Para P.






da força que pulsa,
vem dos pulmões
palavras, assim,
sem interesse.
sentimentos, assim,
como não queresse.
impulsos pneumáticos,
que mesmo sem entender
embriagam
[de álcool ou de poesia]
o sentir-magia
dos encontros
que no dia-a-dia
ficam nas horas
e nas linhas.
na energia vital
no inteiro real
de todo ser
- que estremece e vibra -
com impulso vital.

17/12/14

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Bocas II



Para L.
Boca agredida,
em sem versos oprimida.
Dilacerada em vezes,
Três mil vezes ofendida!

Boca, me diga como
- ainda -
Te quero viva.

Boca, entreaberta e doída,
te quero verbo?
Em sangria, te quero
fruída?

Lado a lado, na rua,
te quero pra luta.
Lado a lado, em casa,
não te quero calada.

Boca. Boca minha
boca tua,
brutal, desigual.
Boca, não te quero irreal.

Boca, não te quero em pedaços,
Ferida.
Não te quero só pra amassos,
Comida.

Boca te quero 
pra labuta,
pro gozo, pra farra
pra vida que pulsa.

Sem sangue, sem dor,
sem tapa, sem chute.
Boca te quero livre,
sempre, amiúde!

07/12/2014

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Deságua pela pele [Gabriela Blanco]

deságua pela pele
transborda no teu dorso
meu amor,
sedento e moço,
qual um rio
buscando o mar.

a lágrima, o gozo,
o suor
do teu corpo
escorrem e buscam
em mim
um novo amar.

amanhece o novo dia
e os dois,
à maresia,
sorriem sedentos
e pedem mais.

ao mar se faz a entrega,
a fúria, a espera;
mergulhar em nós,
transbordar em mim.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Coleciona - DOR

 Para G., S.; V.; J. e todas las mujeres que estremecem.

Dores de todas as cores.
Nas gavetas,
entre pentes e vibradores,
há dores.


Dores colecionadas involuntariamente
ao acaso.
Sem prévio aviso,
derramadas no abismo obscuro,
banal,
sem função real.

Dores que não cabem na métrica,
na rima de poemas.
Talvez fiquem melhores nas prosas,
que tem proximidade com as narrativas longas,
sisudas.

Dores infinitivamente fortes,
intensivamente presentes,
que guardadas em pequenas caixas
são sufocadas.
Impedidas de serem sentidas,
dilaceradas.

São colecionadas a conta-gotas,
em doses insustentáveis.
E explodem em turbilhões
multicolores,
preenchendo os cantos dos quais foram varridas,
contidas.

Não se pode falar sobre elas
sim ou não. O talvez
parece mais pertinente.
Não são fugazes, antes
duradouras, demoradas.

No calor mais doloridas.
Dessas dores colecionadas,
incontidas,
constroem-se coisas belas,
pero sofridas.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Não perder.

Para J.

Sentir completamente,
intensamente,
o que vem delicadamente
[e sempre vem]
Na vida que é vivida.

Sentir tudo, ainda que mude tudo.
Todos os dias, as horas.
Junto, não-junto. Para que sentir
possa.

Des-sentir, para sentir mais,
para sentir melhor,
para não deixar ir.

Saber cuidar.
Saber amar, desvairar...
Co-amar.

Não perder o que [sempre] fica.

O sabor do que foi,
sabor do que é...
ente.
Ferozmente.
Substantivamente imposto nas relações
entre...

E que fique nas entrelinhas,
nas reticências, nos não-ditos.
Porque sentir não pode ser
medido.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Bocas.

Boca te quero pra tudo.
Boca te quero livre.
Boca, boquinha, bocão,
boquete, bocaça.

[vai fundo!]

Boca te quero oral.
Boca te quero...
Boca te quero passional.
Boca te quero pecado.

Boca lenta, boca linda
louca, puta
Boca de luta!

Dessas bocas, cheias de força,
quero todas.
Dessas bocas pulsantes,
quero todos os gritos
todas as horas de resistências
Delirantes...

Boca sem amarras...
Boca te quero tanto.
Boca te quero cheia de 
vida.
Sem espanto.

Boca te quero beijada,
te quero amada.
boca te quero bem-vinda.
boca te quero querida,
delícia.


sem dizer,
que grite rebeldia e
prazer.


boca te quero em glórias,
sem feridas.
boca te quero carícias

sem fim.
Te quero em mim.


07/11/2014.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Alguéns-ninguéns



Livremente inspirado no poema “Os ninguéns”, de Eduardo Galeano.
Para camaradas da Comuna.

Os alguéns falam, labutam diariamente e, mesmo que (ainda que) vistos como ninguéns, giram o mundo no suor de seu trabalho. Seu trabalho que parece de alguém que não desses alguéns-ninguéns.
Dizem que são cheios de superstições, que sua arte não é arte, que seus quereres são menores, que sua vida não é vida.
Mas não dizem que é essa gente, dessa não-vida, que efetivamente faz a vida.
Dizem que não devem ser ouvidos, que não tem voz.
Mas não dizem que essa voz cala fundo e é falada e tem espaço. Não dizem que falam todos os dias, todas as horas; nas mortes, na violência, na pelea do dia-a-dia pro pão nosso.
Pro pão, pra roupa, pros livros que vêm encharcados dessa voz que grita e que, dizem, não se escuta.
Nas balas que matam todos os dias nos morros e esquinas, a voz de alguéns-ninguéns grita.
Filhos e filhas do mundo, que fazem a História, ainda que alguém teime em dizer que não.
Alguéns-ninguéns que valem o mundo e valem a luta. Que, efetivamente, valem(-se) a vida, os (há)braços, que constroem, todos os dias – e sempre – ainda que muitos digam que não.

23/10/2014.