terça-feira, 25 de novembro de 2014

Coleciona - DOR

 Para G., S.; V.; J. e todas las mujeres que estremecem.

Dores de todas as cores.
Nas gavetas,
entre pentes e vibradores,
há dores.


Dores colecionadas involuntariamente
ao acaso.
Sem prévio aviso,
derramadas no abismo obscuro,
banal,
sem função real.

Dores que não cabem na métrica,
na rima de poemas.
Talvez fiquem melhores nas prosas,
que tem proximidade com as narrativas longas,
sisudas.

Dores infinitivamente fortes,
intensivamente presentes,
que guardadas em pequenas caixas
são sufocadas.
Impedidas de serem sentidas,
dilaceradas.

São colecionadas a conta-gotas,
em doses insustentáveis.
E explodem em turbilhões
multicolores,
preenchendo os cantos dos quais foram varridas,
contidas.

Não se pode falar sobre elas
sim ou não. O talvez
parece mais pertinente.
Não são fugazes, antes
duradouras, demoradas.

No calor mais doloridas.
Dessas dores colecionadas,
incontidas,
constroem-se coisas belas,
pero sofridas.

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