domingo, 12 de fevereiro de 2012

Algumas discussões e outras peripécias.

(créditos desconhecidos)


Depois de muito conjucturar, reler, (re)discutir, finalmente consigo por algumas palavras em ordem de entendimento.
Tem tido contato com discussões muito acaloradas sobre o aborto, direitos do "nascituro" (que é isso!?). O que me trouxe a esse ponto: até onde, nós, que atendemos essa população da qual tantas e tantos lutam arduamente pela efetivação dos direitos humanos, e tantos e tantas outras tentam o seu contrário, onde a gente entra nessa discussão. Afinal, somos nós, efetivamente quem operacionaliza as politicas publicas excludentes e mesquinhas, que acabam por boicotar, em muitas vezes, todos os memoráveis esforços em uma direção emancipatória.
Não falo aqui da não existência de políticas públicas, mas sim de sua escancarada contradição, intrínseca ao Capital, que teimosamente, tapamos com a peneira. Ora, o que é isso de direito do "nascituro" e do controle da gestação com o monitoramento de TODAS as gestantes. Nem é necessário questionar a que interesses servem...
E aqui entro em outro aspecto, a operacionalização de todos esses disparates. Partimos do concreto, num contexto capitalista, é inviável uma interpretação da realidade que parte das singularidas isoladas, como se a "motivação individual" dos sujeitos pudesse realmente alterar as estruturas. Digo isto, pois, busca-se com essa fala, "apaziguar" os corações profissionais quando percebemos "na prática" que não damos conta. Não damos conta e buscamos jeitinho para dar... ora, contribuimos assim, mais fortemente ainda, com a manutenção do status quo!
E aqui entramos em outro ponto: afinal, as politícas públicas existem e partem de legislações específicas. Tá. Mas como atuar quando duas políticas se colidem no mesmo sujeito. No caso sujeita, a mulher gestante. Como querer monitorar a sua gestação, exigindo-se um pré-natal, ao mesmo tempo em que nenhuma outra política consegue alcançá-la. Como dar direitos a uma expectativa de recém-nato quando a sujeita que gera nunca pode conquistá-los. Ao mesmo tempo, tem-se a contradição da aproximação do acesso a esses direitos, quase que fantasmas, quando essas mesmas mulheres estão em uma situação de gestação.
E a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher, quando irá efetivar-se? Quando pararemos de discutir as "coisas" de modo focalizado? Quando as mulheres realmente serão tidas como sujeitos para as políticas públicas? Quando, antes da nossa possibilidade de gerar, seremos sujeitos? Quando, a realidade e o cotidiano permitirão uma real discussão sobre a construção de mulheres e homens, pra além dos muros estritamente teóricos? Quando a dominação-exploração sobre as mulheres, negros, pobres será realmente colocada na ordem do dia?

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